Em nossa busca por longevidade, uma das coisas mais importantes é conseguir reduzir o risco de doenças, principalmente aquelas que potencialmente são as que têm a maior chance de causar nossa morte, como doenças cardiovasculares, doenças metabólicas e câncer.
Dentro das estratégias para a redução desses riscos, existe dois tipos de abordagem:
O que fazer
O que deixar/evitar de fazer
🔍 Ciência do cérebro
Neurologicamente, a ação de fazer (Do) e deixar de fazer (Don’t Do) ativam circuitos diferentes no cérebro. Isso significa que deixar de fazer algo envolve áreas cerebrais distintas das que impulsionam a ação de adotar novos hábitos.
Esses processos são treináveis, e para quem tem interesse de entender como o cérebro funciona e inclusive esses circuitos, Andrew Huberman no
episódio #1 de seu podcast, dá uma aula excelente.
Nesse contexto, recentemente, o Dr. Vivek Murthy, principal autoridade de saúde pública dos EUA, publicou via governo dos EUA um guia sobre: A relação causal entre o consumo de álcool e o aumento do risco de câncer.
Como falou um médico amigo meu: “Não era bem a notícia que a gente queria ler”, mas temos que encarar os fatos e decidir o que fazer com essa informação.
Como o álcool pode causar câncer?
O álcool, ou etanol, pode desencadear o desenvolvimento de câncer por quatro mecanismos principais:
Transformação em acetaldeído: uma substância altamente tóxica que danifica o DNA, favorecendo mutações.
Produção de radicais livres: o álcool gera espécies reativas de oxigênio, causando danos às células e aumentando inflamações.
Alteração hormonal: o álcool pode elevar os níveis de estrogênio, um fator de risco para câncer de mama.
Facilitador de carcinógenos: ele aumenta a absorção de substâncias cancerígenas, como as do tabaco, especialmente em áreas como boca e garganta.
Quanto álcool é necessário para aumentar o risco?
Estudos indicam que mesmo uma única dose diária (aproximadamente 10g de álcool ou uma taça de vinho) pode aumentar o risco de câncer de mama em mulheres em até 13%. Para cânceres de boca e garganta, o risco sobe ainda mais com quantidades moderadas de consumo. E o problema não é exclusivo de grandes consumidores: até níveis considerados “seguros” pelas diretrizes alimentares podem estar associados a um risco maior de câncer.
Por que essa relação não é amplamente conhecida?
Embora a relação entre álcool e câncer seja reconhecida desde os anos 1980, menos de metade da população americana associa o álcool ao risco de câncer, no Brasil a situação deve ser no mínimo igual. Isso contrasta com fatores de risco amplamente conhecidos, como tabagismo e obesidade. Parte desse desconhecimento pode ser atribuído à falta de rótulos mais informativos em bebidas alcoólicas e campanhas de conscientização robustas. Em alguns países, como Canadá e Austrália, campanhas mais rigorosas e rótulos informativos têm ajudado a conscientizar a população sobre os riscos do álcool.
O que podemos fazer?
Se evitar completamente o álcool não for uma opção, algumas estratégias podem ajudar a reduzir os impactos negativos:
Reduza o consumo total: quanto menos álcool, menor o risco.
Esteja atento à frequência e quantidade: evitar episódios de consumo excessivo pode ser uma medida protetora.
O que isso significa na prática?
Repensar nossa relação com o álcool é uma escolha individual com impactos sociais em nossa vida, mas entender os riscos é essencial para decisões informadas. Como destaca o relatório do Dr. Vivek, o álcool é um carcinógeno do mesmo nível de substâncias como o tabaco. Por isso, refletir sobre o consumo e buscar alternativas é um passo importante para quem almeja viver mais e melhor.