- Longevidade News | Alpha Origin
- Posts
- O healthspan feminino
O healthspan feminino
7 minutos de conhecimento sobre como viver mais e melhor

Bom dia. Uma vez que você decide que quer viver mais e melhor, existem dois componentes que sempre andam juntos: conhecimento (o principal objetivo dessa newsletter) e ação. Não basta saber, é preciso fazer. E lembre-se:
“O tolo é o precursor do salvador” - Carl Jung
🔎 RESUMO DA EDIÇÃO DE HOJE (TL;DR)
🕒 Alimentação e cronotipo: Um estudo revela como o horário da refeição — e o seu cronotipo — mudam a forma como seu corpo lida com a glicose.
♀️ Saúde feminina: As mulheres vivem mais, mas com mais tempo de vida em situação precária. O que é preciso fazer para transformar o healthspan?
💥 Dor de cabeça: Como identificar o tipo certo de dor de cabeça e o que a ciência recomenda para tratar cada uma.
📰 Notícias da semana: IPO da Hinge Health, nova tecnologia para medir estresse oxidativo no cérebro, brasileira Sunrize capta R$ 2,5M, novo estudo sobre declínio cognitivo e TRIMTECH capta um ‘seed’ de US$ 31M para tratar Alzheimer e outras doenças degenerativas.
📚 Vale Saber: Por que pessoas inteligentes se deixam seduzir por ideias complexas e o verdadeiro poder de simplificar o que importa.
NUTRIÇÃO
Você come na hora errada?

Foto por Mitchell Hollander na Unsplash
Não é nenhum segredo que o momento em que comemos faz diferença na nossa saúde. Basta prestar atenção na própria experiência. Essa questão, inclusive, já foi tema de diversos estudos que mostram como comer muito próximo do horário de dormir — especialmente refeições ricas em carboidratos de alto índice glicêmico — prejudica a saúde metabólica e aumenta a resistência à insulina.
Por quê?
Quando vamos dormir, alguns hormônios como a melatonina e os hormônios de crescimento sobem, o que aumenta naturalmente a nossa resistência a insulina. Isso significa que, se nos alimentamos enquanto a melatonina ainda está alta, nosso corpo terá mais dificuldade de transportar a glicose do sangue para dentro das células, deixando o açúcar circulante elevado por mais tempo. Por isso, profissionais de saúde costumam recomendar evitar refeições pesadas e com alto índice glicêmico próximas da hora de dormir — uma medida que ajuda a reduzir o risco de desenvolver resistência à insulina e, no longo prazo, diabetes tipo 2, uma das doenças que mais matam no mundo.
Mas... e se o problema for maior do que só o horário?
Um estudo de 2024 foi além e fez uma pergunta extra nessa quebra-cabeça: Será que o cronotipo — ou seja, o nosso relógio biológico natural, de quem é mais da manhã ou mais da noite — influencia essa resposta? Em outras palavras: será que o corpo de um “matutino” reage diferente de um “noturno” ao mesmo prato de comida, dependendo da hora em que ele é servido?
O que é cronotipo, afinal?
Nosso corpo é guiado por um sistema sofisticado de relógios biológicos, chamado sistema circadiano. Esse sistema é formado por um relógio central, localizado no cérebro, e por relógios periféricos, presentes em quase todos os órgãos do corpo, como fígado, pâncreas, músculos e tecido adiposo.
O relógio central é regulado principalmente pela luz — é ele que comanda o ciclo de sono e vigília. Já os relógios periféricos são altamente influenciados por sinais como o horário das refeições, a prática de atividade física e o próprio sono. Para uma boa saúde metabólica, esses relógios precisam estar alinhados.
Mas nem todo mundo tem o mesmo ritmo natural. O cronotipo é justamente a expressão desse relógio interno: ele determina se você tende a ser uma pessoa que funciona melhor de manhã (matutino) ou à noite (noturno). Isso influencia não só o horário em que você prefere acordar ou dormir, mas também como o seu corpo lida com alimentos ao longo do dia.
Quando o relógio central e os periféricos ficam fora de sincronia — como acontece, por exemplo, quando um noturno precisa acordar muito cedo para trabalhar ou estudar — ocorre o chamado descompasso circadiano, que impacta diretamente a saúde cardiovascular, o metabolismo e a regulação da glicose.
Por isso saber o seu cronotipo é bastante importante para organizar o seu dia. É possível fazer um teste em 5 minutos.
O que o estudo fez e descobriu?
O estudo reuniu 45 jovens adultos saudáveis e separou em dois grupos:
Matutinos
Noturnos
Todos comeram a mesma refeição de alto índice glicêmico (IG 72) em dois horários diferentes: às 7h da manhã e às 20h da noite, com monitoramento contínuo da glicose por 24 horas.
Resultado?
Para os matutinos, a glicose subiu muito menos de manhã do que à noite. O corpo deles lida muito melhor com carboidratos cedo.
Para os noturnos, a glicose subiu muito tanto de manhã quanto à noite (aqui um pouco menos que os matutinos) — ou seja, o horário da refeição não fez tanta diferença, mas o metabolismo deles parece ser menos eficiente com carboidratos em geral.
Uma nota importante: os noturnos tinham níveis mais altos de melatonina pela manhã, o que pode explicar a dificuldade de processar carboidratos logo cedo. Por isso, por exemplo, no caso de quem tem o cronotipo noturno, pode fazer sentido postergar o horário do café (que nos estudo foi às 7:00).
Por que isso faz diferença?
Esse estudo reforça um ponto essencial para a longevidade com saúde: não existe uma regra universal que funcione para todo mundo. O cronotipo é uma variável que precisa entrar na equação quando falamos de nutrição, saúde metabólica e gestão do tempo.
Enquanto um matutino pode lidar bem com um café da manhã com mais carboidratos, um noturno pode se beneficiar, caso precise se alimentar mais cedo, de um café da manhã mais proteico e com menor índice glicêmico, já que o corpo dele ainda está biologicamente “antes do horário de acordar”.
Por isso, fale com o seu nutricionista e médico, e organize o seu dia e suas refeições com base nas suas características. Isso pode ter um impacto importante na sua longevidade.
SAÚDE FEMININA
O paradoxo da longevidade feminina

Foto por Mor Shani na Unsplash
Passou o dia 8 de março e algumas análises precisam ser compartilhadas. As mulheres vivem mais do que os homens, mas esse ‘lifespan’ maior não é um mar de rosas. Enquanto os dados mostram que elas superam os homens em expectativa de vida, também revelam que passam 25% mais tempo vivendo em condição de saúde precária.
Historicamente a saúde feminina tem sido negligenciada em pesquisa, investimento e tratamento. O resultado? Uma brecha de saúde que não só compromete a qualidade de vida das mulheres, mas também afeta a economia global.
Lá em 2022 no HLTH, talvez o melhor evento global de inovação na saúde, o grande tema era sobre a importância de pesquisas mais inclusivas, ou seja, nas quais as pessoas chamadas para fazer parte dos estudos fossem mais mulheres e pessoas de outras origens. As pessoas não são iguais. Aqui no Brasil sabemos bem disso, por conta de um outro paralelo. Enquanto existem dezenas de estudos sobre o potencial benéfico da Blueberry, dificilmente vemos um estudo sobre a Jaboticaba.
Nesse contexto o Fórum Econômico Mundial divulgou um estudo importante: se reduzíssemos essa desigualdade de saúde feminina, poderíamos adicionar US$ 400 bilhões ao PIB global até 2040. Isso não é apenas uma questão de direitos humanos, mas é também uma oportunidade econômica gigantesca.
A saúde da mulher como alavanca econômica
A análise do Fórum aponta que nove condições de saúde são responsáveis por 35% da carga global de doenças femininas. Entre elas:
Doenças cardiovasculares: Mulheres têm maior risco de morte por eventos cardiovasculares agudos do que os homens, mas recebem menos tratamentos preventivos e intervenções.
Câncer de colo do útero e mama: A falta de acesso a rastreamento e tratamento precoce impacta milhões de vidas, especialmente em países de baixa renda.
Menopausa e síndrome pré-menstrual (PMS): Enquanto sintomas debilitantes reduzem produtividade e qualidade de vida, os investimentos em pesquisa e tratamento permanecem irrisórios. No final de 2024 publicamos um artigo importante sobre esse tema.
Endometriose: Afeta mais de 190 milhões de mulheres no mundo, causando dores crônicas e infertilidade, mas segue sendo subdiagnosticada e negligenciada. O mês de Março (Amarelo) é inclusive o mês da conscientização sobre a Endometriose.
Abordar esses problemas pode adicionar anos saudáveis à vida das mulheres (healthspan), melhorar a produtividade global e reduzir os custos com saúde pública. Mas, para isso, é preciso mudar nossa abordagem.
Soluções urgentes para um problema sistêmico
O mesmo estudo destaca cinco ações fundamentais para reverter esse cenário:
Contabilizar as mulheres: Melhorar a coleta de dados específicos sobre doenças femininas.
Estudar as mulheres: Investir em pesquisas clínicas que levem em conta diferenças biológicas entre os sexos. Uma das palestras do Hevolution 2025 foi sobre isso. As diferenças podem nos ensinar muito.
Cuidar das mulheres: Redesenhar sistemas de saúde para tratar condições que afetam desproporcionalmente as mulheres.
Investir em mulheres: Aumentar o financiamento para pesquisas e inovações voltadas à saúde feminina.
Incluir mulheres: Garantir que políticas de saúde sejam desenhadas com a participação ativa das próprias mulheres.
O impacto econômico e social dessas mudanças é potencial enorme. Governos, empresas e instituições acadêmicas precisam encarar a saúde feminina como um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável.
Como já sabemos, Longevidade não se trata apenas de viver mais, mas principalmente de viver melhor. Corrigir essa desigualdade é um passo essencial para um futuro mais justo, próspero e saudável para todos.
CONHECIMENTO
Dor de cabeça: O que é?

Foto por Christian Erfurt na Unsplash
Cuidar da longevidade não é apenas sobre prevenção—também envolve o tratamento eficiente de condições pré-existentes. Entre elas, a dor de cabeça é um baita problema comum e muitas vezes debilitante. Quem teve ou tem, sabe o tamanho do incômodo.
Estima-se que até 50% da população mundial sofra com dores de cabeça. O problema é mais comum em mulheres, com incidência até três vezes maior do que em homens. Essa diferença pode estar relacionada à questões hormonais, especialmente às variações nos níveis de estrogênio ao longo do ciclo menstrual, que aumentam a sensibilidade à dor e podem desencadear enxaquecas. As causas variam de tensão muscular a inflamações no cérebro, mas a boa notícia é que há estratégias baseadas em ciência para tratar cada caso.
O Dr. Andrew Huberman dedicou um episódio inteiro do seu podcast para isso. Vamos resumir os principais insights para que você possa entender melhor o problema e tomar as melhores decisões sobre como tratá-lo.
Os diferentes tipos de dor de cabeça
Tipo de Dor de Cabeça | Localização | Sintomas Associados |
---|---|---|
Cefaleia tensional | Sensação de faixa apertada ao redor da cabeça, principalmente na testa, acima dos olhos, têmporas e nuca. Pode irradiar para os ombros. | Dor moderada e constante, sem pulsação, sem piora com esforço físico. Pode vir acompanhada de rigidez no pescoço e sensação de peso na cabeça. |
Enxaqueca | Geralmente em um lado da cabeça, podendo variar entre os episódios. Dor pulsante e profunda. | Náusea, vômito, sensibilidade à luz, som e cheiros. Pode durar de 4 a 72 horas e piorar com esforço físico. Pode ser precedida por aura (alterações visuais e neurológicas). |
Cefaleia em salvas | Dor muito intensa ao redor de um dos olhos, podendo atingir a testa, têmpora e bochecha. | Crises de dor severa que duram de 15 minutos a 3 horas. Lacrimejamento, congestão nasal, pálpebra caída, inquietação e sudorese na face. Pode ocorrer diariamente em ciclos. |
Cefaleia sinusal | Pressão na testa, ao redor dos olhos, maçãs do rosto e ponte do nariz. Pode se intensificar ao se inclinar para frente. | Sensação de peso na cabeça, nariz entupido, secreção nasal, cansaço e dor irradiada para os dentes superiores. |
O que está causando sua dor de cabeça?
Cefaleia tensional: Surge da contração excessiva dos músculos da cabeça, pescoço e mandíbula. Postura inadequada, longas horas no computador e bruxismo são fatores comuns.
Enxaqueca: Relacionada à dilatação dos vasos sanguíneos no cérebro, ativando circuitos de dor. Pode ser desencadeada por privação de sono, estresse, certos alimentos e mudanças hormonais.
Cefaleia em salvas: Ligada à ativação do nervo trigêmeo, que controla sensações na face. Suas crises ocorrem de forma cíclica e intensa, muitas vezes seguindo padrões diários.
Cefaleia sinusal: Causada pela inflamação dos seios da face, muitas vezes devido a infecções respiratórias ou alergias. A dor piora ao se inclinar para frente e é acompanhada de congestão nasal.
Estratégias para tratar dores de cabeça
O tratamento das dores de cabeça pode ser dividido em diferentes abordagens, desde mudanças no estilo de vida até suplementação e intervenções medicamentosas. A escolha do melhor método depende da causa e do tipo específico de dor e é fundamental que você discuta com o seu médico.
Mudanças no estilo de vida
Sono adequado: Não podia faltar né? O sono, sempre ele, é fundamental para reduzir enxaquecas e cefaleias tensionais. Manter um horário regular de sono e evitar telas antes de dormir pode ajudar.
Redução de estresse: Técnicas de meditação, respiração controlada e alongamentos podem aliviar cefaleias tensionais e enxaquecas.
Ajuste postural e pausas: Melhorar a postura e fazer pausas regulares ao longo do dia reduz a tensão muscular na região cervical.
Suplementação baseada em ciência
Creatina (5-10g/dia): Um estudo preliminar com dosagens muito maiores (até 40g) mostrou que a Creatina pode reduzir a frequência e intensidade de dores de cabeça pós-trauma significativamente, mas o Huberman sugere ficar em um range mais seguro.
Ômega-3 (EPA/DHA 1-3g/dia): Uma série de estudos mostra que o consumo de Omega-3, além dos benefícios que já trouxemos em outra news, reduz inflamação e por consequência pode diminuir a frequência de enxaquecas.
Cúrcuma (80mg/dia): Possui efeitos anti-inflamatórios e pode reduzir a frequência e intensidade das enxaquecas, especialmente quando combinada com ômega-3.
Terapias naturais
Óleos essenciais de hortelã-pimenta e eucalipto: Um estudo mostrou que a aplicação na testa e têmporas pode aliviar de forma significativa cefaleias tensionais.
Acupuntura: Eficaz no tratamento da cefaleia tensional e pode ter benefícios para enxaquecas.
Aqui não abordamos, por motivos óbvios, todos os tratamentos medicamentosos que podem ser prescritos por médicos. O importante é que isso sirva como base de conhecimento e te ajude navegar melhor nas estratégias possíveis.
NOTÍCIAS
O que mais está acontecendo?
💡 Pesquisadores de St Jude e da Universidade da Virgínia desenvolveram uma nova tecnologia de imagem cerebral, baseada no edaravone (antioxidante usado no tratamento de ELA), capaz de medir o estresse oxidativo no cérebro em tempo real, com potencial para revolucionar o diagnóstico e o acompanhamento de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e ELA.
💡 A Hinge Health, empresa de fisioterapia digital para dores crônicas e reabilitação, entrou com pedido de IPO nos EUA e pretende captar até US$ 500 milhões, em um bom sinal de reabertura do mercado de ofertas públicas na saúde digital.
💡 A TRIMTECH Therapeutics, biotech que usa degradação seletiva de proteínas agregadas para tratar doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Huntington, captou US$ 31 milhões em uma rodada ‘seed’.
💡 Estudo da Universidade Stony Brook revelou em um estudo que o declínio cognitivo começa em média aos 44 anos, com pico aos 67, e sugere que resistência do cérebro à insulina pode ser um fator-chave no envelhecimento cerebral. Ou seja, começar antes faz diferença.
💡 A Sunrize, marca brasileira de suplementos veganos focada em proteínas vegetais, captou R$ 2,5 milhões em rodada seed para crescer sua presença digital e lançar a Sunrize Shakehouse, rede de franquias de shakes e snacks proteicos.
💡 O Buck Institute realizará no dia 2 de abril o seminário gratuito “Decoding Aging: AI, Big Data, and the Future of Precision Health” com Dr. Nathan Price, sobre como IA e análise multi-ômica estão revolucionando o entendimento do envelhecimento e das doenças, com opção de participação via Zoom. Basta se cadastrar.
VALE SABER
Pessoas inteligentes são especialmente vulneráveis a confundir complexidade com insight.
Um executivo escreve um memorando de dez páginas que poderia ter apenas uma. Um engenheiro cria um sistema intrincado quando um simples faria melhor o trabalho por metade do custo. O consultor hipnotiza os clientes com frameworks que ocultam em vez de revelar. Atribuímos prestígio ao que nos confunde. A complexidade embriaga tanto quem cria quanto quem consome, nos iludindo com a sensação de sabedoria.
Domínio verdadeiro não é tornar o simples complexo — é encontrar a simplicidade elegante que atravessa a complexidade.
— Shane Parrish
COMPARTILHE COM QUEM VOCÊ SE IMPORTA
Ajude-nos a espalhar conteúdo de qualidade sobre longevidade. Cada compartilhamento nos ajuda a alcançar mais pessoas e tornar o conteúdo do Alpha Origin ainda melhor.
Compartilhe esse link.
PRECISA FALAR COM A GENTE?
Precisa de alguma ajuda, suporte ou tem outra necessidade? Clique aqui e fale com a gente.