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Buenos. Estamos chegando ao fim do ano e, mais ou menos nessa época, há um ano, essa newsletter começou. 🙌🙌🙌 🎂

Hoje, a longevidade ganhou outras proporções. Tem muita gente começando a falar sobre o tema. E virou tema nas famílias. Que bom!! E você está aqui, semana após semana, ajudando esse movimento a crescer. Bora!

🔎 RESUMO DA EDIÇÃO DE HOJE (TL;DR)

🎯 O alvo certo: Dezembro é mais do que fechamento de ano. É o momento de revisar direção. Um estudo acompanhando mostra que ter propósito está associado a menor risco de mortalidade, mais do que satisfação momentânea. Por que metas importam e por que mirar no alvo errado cobra um preço ao longo da vida.

🌍 Comunidade, pertencimento e healthspan: A psicóloga Fernanda Bornhausen mostra como a Medicina do Estilo de Vida aliada às Blue Zones amplia a longevidade com qualidade ao ir além do indivíduo, destacando o papel das conexões humanas, da comunidade e da construção coletiva da saúde como pilares centrais do healthspan.

⏱️ Exercise snacks funcionam?: Uma meta-análise avalia se pequenos blocos de exercício ao longo do dia podem melhorar a saúde cardiometabólica.

💡 Notícias da semana: O JAMA selecionou os estudos mais relevantes de 2025, uma startup apoiada pela OpenAI levanta US$ 130 milhões, a Merck se junta à Nvidia para acelerar a descoberta de novos fármacos, uma startup de fertilidade capta US$ 29 milhões para ampliar testes hormonais feitos em casa e um relato detalhado sobre os limites e aprendizados de pacotes extremos de longevidade.

📚 Vale Saber: David Deutsch lembra que teorias científicas não nascem da observação passiva da realidade, mas de conjecturas ousadas que depois são testadas pela experiência.

DIREÇÃO

O alvo certo

Dezembro tem um efeito curioso sobre quase todo mundo. O ano desacelera, ou pelo menos tenta desacelerar, e surge aquele impulso quase automático de fazer balanços: o que funcionou, o que não funcionou, o que precisa mudar. É nesse momento que as metas do ano seguinte aparecem. Não por moda, mas porque o cérebro humano responde bem a marcos claros de início e fim.

Esse movimento, porém, não é apenas psicológico ou simbólico. A ciência mostra que ter objetivos claros e um senso de propósito está associado a algo muito concreto: viver mais.

Um dos estudos mais sólidos já feitos sobre o tema acompanhou 5.993 adultos por 23 anos. Os pesquisadores avaliaram diferentes dimensões, incluindo satisfação com a vida e propósito. O resultado foi que pessoas com maior senso de propósito apresentaram menor risco de mortalidade ao longo do tempo. Mesmo após ajustes rigorosos para idade, sexo, doenças crônicas, tabagismo, álcool, IMC e percepção de saúde, o propósito permaneceu associado a uma redução significativa do risco de morte, enquanto a satisfação com a vida perdeu força estatística. Em termos práticos, cada aumento padronizado em propósito esteve associado a cerca de 6 a 15% menos risco de mortalidade, dependendo do modelo analisado.

Não é felicidade momentânea. É direção.

A psicologia ajuda a entender por quê. Desde os anos 1960, os estudos de Edwin Locke e Gary Latham mostram que metas específicas produzem mais ação do que metas vagas. Quando um objetivo é claro, o cérebro organiza atenção, esforço e persistência em torno dele. Pessoas com metas bem definidas não apenas começam mais coisas, elas sustentam o comportamento por mais tempo. Isso tem impacto direto em hábitos, decisões e consistência ao longo da vida.

Carol Ryff ampliou esse entendimento ao mostrar que propósito não é só motivacional, mas estrutural. Em seus modelos de bem-estar, ter um senso claro de propósito está associado a melhor adaptação ao estresse e maior resiliência ao longo do envelhecimento. Em termos simples: quando você sabe para onde está indo, lida melhor com os inevitáveis obstáculos do caminho.

A parte prática

Uma das estruturas mais eficazes para transformar propósito em ação é o modelo SMART (em inglês). Metas tendem a funcionar melhor quando são:

  1. Específicas.

  2. Mensuráveis.

  3. Alcançáveis.

  4. Relevantes.

  5. Delimitadas no tempo.

“Quero cuidar mais da saúde” é uma boa direção, mas pouco acionável. “Treinar força três vezes por semana pelos próximos três meses” cria clareza, acompanhamento e compromisso. O mesmo vale para finanças, carreira ou relações. Metas bem formuladas reduzem ambiguidade e aumentam a chance de execução.

Além da ciência

Mas aqui tem uma parte fundamental. É possível ter metas claras, disciplina e foco e, mesmo assim, estar mirando no alvo errado. Os gregos antigos chamavam isso de hamartia, termo que significa literalmente errar o alvo e é usado no Novo Testamento para pecado. Pois é, pecado é literalmente “errar o alvo”. Não por falta de esforço, mas por falta de alinhamento com um propósito maior. Você pode avançar rápido e longe, mas na direção errada.

Por isso, dezembro não é só sobre definir metas. É também sobre revisitar o alvo. Antes de decidir o que você quer alcançar no próximo ano, vale perguntar se esses objetivos realmente organizam sua vida em torno do que é significativo ou apenas mantêm você ocupado.

UM CONTEÚDO DO INSTITUTO ASSALY

Personalização para uma vida melhor

No Instituto Assaly, acreditamos que longevidade é viver mais, é viver melhor, com autonomia, clareza e saúde integral. Somos um centro de excelência em medicina personalizada, onde ciência de ponta, escuta qualificada e visão humana se integram. Com uma equipe multidisciplinar, coordenada pela Dra Vânia Assaly, unimos genômica, nutrição, medicina preventiva e práticas baseadas em evidências para criar estratégias únicas para cada fase da vida. Aqui, cada detalhe importa. Se você busca um cuidado que respeita sua história, sua biologia e seu futuro, agende uma consulta com nossa equipe. O caminho da longevidade começa com escolhas feitas hoje e podemos criar uma jornada de saúde tão única quanto você.

PALAVRA DA ESPECIALISTA

A força da Medicina do Estilo de Vida aliada à metodologia Blue Zones para ampliar o healthspan

Entre os muitos elementos que influenciam uma vida longa e plena, um se destaca de forma recorrente nas regiões mais longevas do planeta: a qualidade das conexões humanas. Pesquisas conduzidas nas chamadas Blue Zones, áreas reconhecidas por concentrarem um alto número de centenários saudáveis, revelam um ponto em comum entre essas populações: o senso de pertencimento, os vínculos profundos, a tribo certa e o propósito de vida são verdadeiros pilares do healthspan, ou seja, da longevidade vivida com saúde, vitalidade e propósito.

Hoje sabemos que pertencimento é um potente fator de proteção à saúde, que contribui para uma vida mais longa e nos ajuda a acrescentar Vida aos Anos.

Inspirada por essa perspectiva, decidi iniciar uma nova etapa na minha formação. Atualmente, estou em processo de obtenção da Certificação Blue Zones, uma iniciativa criada por meio da parceria entre o American College of Lifestyle Medicine e o Blue Zones Institute, lançada em novembro de 2025. Esta certificação reflete um princípio que carrego comigo há muitos anos: a saúde precisa ganhar forma em grupos com o mesmo propósito, na comunidade, nos espaços de convivência e nas redes humanas de apoio.

Medicina do Estilo de Vida + Blue Zones: uma nova fronteira de cuidado

Minha trajetória como psicóloga, empreendedora em inovação na saúde e certificada em Medicina do Estilo de Vida tem me mostrado que a longevidade com qualidade não se alcança por meio de soluções isoladas ou centradas exclusivamente no indivíduo. É essencial criar ambientes que favoreçam escolhas saudáveis, espaços que sejam intencionais, afetivos e acolhedores.

É nesse contexto que vejo a Certificação Blue Zones como uma poderosa extensão da minha atuação: uma ferramenta concreta para ajudar grupos, comunidades e organizações a ampliarem o healthspan coletivo, com base em evidências científicas, propósito e conexão humana.

A união entre a Medicina do Estilo de Vida e os princípios das Blue Zones representa, na prática, um chamado à inovação na saúde, promovendo mudanças comportamentais e ambientais que sustentem a saúde ao longo da vida.

Inovar é construir comunidades com propósito

Inovar não significa apenas criar novos protocolos, mas sobretudo mudar mentalidades. É abandonar a lógica da prescrição isolada e abraçar a construção coletiva da saúde, considerando os vínculos, os ambientes e os contextos culturais.

Cada profissional que decide aplicar os princípios das Blue Zones e da Medicina do Estilo de Vida assume, de certa forma, o papel de pioneiro. São os chamados early adopters, aqueles que enxergam, antes da maioria, que a mudança é não apenas possível, mas necessária. E essa mudança começa por nós: profissionais que compreendem que saúde é relação, é cultura, é ambiente.

Minha motivação: cultivar healthspan e redes humanas de apoio

Ao longo dos meus 40 anos de carreira, especialmente nos últimos anos, tenho direcionado minha energia para iniciativas que promovam longevidade com vitalidade e propósito. Como criadora do método SEDO Farmácia da Mente, fundadora do Clube SEDO e coordenadora nacional de desenvolvimento regional do CBMEV, tenho testemunhado o impacto concreto que grupos intencionais e comunidades de prática geram na vida das pessoas.

Optei pela Certificação Blue Zones porque ela oferece uma metodologia estruturada, baseada em evidências, que me permite atuar de forma ainda mais estratégica com grupos que desejam trilhar a jornada do healthspan de forma coletiva, integrada e culturalmente relevante.

Mais do que ampliar meu conhecimento técnico, essa jornada está totalmente alinhada ao meu propósito de vida: transformar ambientes em territórios de saúde social, onde as pessoas possam acrescentar Vida aos Anos.

Para além do cuidado: um convite à transformação

Vivemos uma nova era da saúde. Uma era em que o cuidado extrapola os limites do consultório e se estende para a praça, a escola, o ambiente de trabalho e os espaços de convivência entre gerações. Uma era em que a inovação não vem apenas da tecnologia, mas da capacidade de reconstruir o tecido social como base do bem-estar coletivo.

A Certificação Blue Zones representa exatamente esse movimento. E é com alegria que compartilho essa jornada com você, leitor da Longevidade News, porque acredito que nós, profissionais de saúde, empreendedores e interessados em longevidade com saúde, podemos juntos criar ambientes de fomento ao healthspan dentro das nossas atividades atuais.

Vamos juntos?

O QUE A CIÊNCIA MOSTRA

Exercise snacks funcionam?

Tempo talvez seja o recurso mais escasso da vida adulta e sem dúvida um dos mais importantes. Entre trabalho, família, compromissos e cansaço, muita gente até sabe que precisa se exercitar, mas simplesmente não consegue encaixar sessões longas de treino na rotina. Foi justamente dessa fricção entre intenção e realidade que surgiu, nos últimos anos, um conceito interessante: os chamados exercise snacks.

A ideia é assim. Em vez de uma sessão longa de exercício, distribuir pequenos blocos de atividade ao longo do dia, com duração que pode variar de segundos a poucos minutos. Subir escadas com intensidade, pedalar forte por 30 segundos, fazer alguns minutos de exercícios de força ou caminhadas rápidas. Pequenas doses, repetidas.

Mas isso funciona de verdade?

Uma meta-análise publicada em agosto de 2025 reuniu 14 estudos clínicos, incluindo 12 ensaios randomizados, com 483 adultos, e analisou exatamente essa pergunta. Os programas duraram de 4 a 12 semanas e envolveram diferentes formatos de exercise snacks, realizados de 3 a 5 dias por semana. Os resultados ajudam a colocar o conceito no lugar certo.

Os exercise snacks melhoraram marcadores importantes de saúde cardiometabólica, mas com nuances importantes. Houve aumento da potência máxima, um indicador de capacidade funcional, e reduções no colesterol total e no LDL. Em análises mais cuidadosas, também surgiram sinais de melhora do VO₂max, especialmente quando se excluíram estudos com maior risco de viés.

Um ponto importante: não houve mudança relevante em peso corporal ou percentual de gordura. Isso reforça algo que a ciência já vem mostrando há décadas. Exercício e emagrecimento não são sinônimos automáticos. Pequenos blocos de atividade melhoram saúde, mas não substituem volume quando o objetivo é alterar composição corporal.

Mas esse estudo traz um ponto bem relevante. Os maiores benefícios apareceram em pessoas fisicamente inativas. Quem parte de um nível baixo de atividade responde mais rápido e de forma mais evidente. Para esse grupo, exercise snacks podem funcionar como uma porta de entrada realista para sair do sedentarismo.

O estudo também deixa claro o que esses protocolos não são. Eles não substituem as recomendações clássicas de atividade física. Continua sendo importante encaixar treinos aeróbicos e de força, e ainda faltam dados de longo prazo e desfechos mais robustos, como redução direta de eventos cardiovasculares, para tirarmos outras conclusões.

Mas existe um mérito nessa abordagem. Quando a alternativa é não fazer nada, pequenos estímulos bem feitos são muito melhores do que zero. Para quem passa horas sentado, trabalha em escritório ou sente que “não tem tempo”, essas pequenas interrupções podem melhorar marcadores de saúde, condicionamento e, talvez o mais importante, ajudar a criar o hábito.

NOTÍCIAS

O que mais está acontecendo?

💡 O JAMA publicou o Research of the Year 2025, uma curadoria dos editores com os 9 estudos mais impactantes do ano, cobrindo temas centrais para longevidade como GLP-1 na insuficiência cardíaca, vacinação contra herpes zoster e risco de demência, intervenções de estilo de vida para cognição, genômica neonatal, IA em saúde e novas terapias para hipertensão resistente, apontando tendências que podem mudar a prática clínica nos próximos anos.

💡 A Merck anunciou uma parceria com a Nvidia para desenvolver o KERMT, um modelo de IA treinado em mais de 11 milhões de moléculas para acelerar a descoberta de novos fármacos, ajudando a prever propriedades como absorção, metabolismo e toxicidade antes de testes longos e caros. Segundo a empresa, esse tipo de IA já vem encurtando etapas iniciais do desenvolvimento em até 30%, como detalhado nesta análise sobre a colaboração entre Merck e Nvidia.

💡 A Chai Discovery, startup apoiada pela OpenAI, levantou US$ 130 milhões em uma rodada Série B, alcançando US$ 1,3 bilhão de valuation, para escalar sua plataforma de design de anticorpos por IA. Seu novo modelo Chai-2 já consegue projetar anticorpos monoclonais completos, com alta precisão estrutural e desempenho promissor em alvos difíceis, sinalizando um avanço relevante rumo à descoberta de biológicos cada vez mais rápida e programável.

💡 O Medical Futurist publicou um relato detalhado sobre um pacote de longevidade da MediPredict, que inclui genoma completo, multi-ômicas, imagem avançada e mais de 300 biomarcadores sanguíneos. O principal insight não foi “medir tudo”, mas lidar com o FOFO (fear of finding out, o medo de descobrir problemas de saúde) e entender que dados refinam decisões, enquanto estilo de vida continua sendo o principal motor da longevidade.

💡 A Inito, startup de fertilidade, levantou US$ 29 milhões para expandir seus testes de saúde feitos em casa usando anticorpos projetados por IA, capazes de medir hormônios com maior sensibilidade do que métodos tradicionais. A tecnologia pode ampliar o portfólio além da fertilidade, incluindo menopausa, gravidez e outros marcadores hormonais, reforçando a tendência de levar diagnósticos cada vez mais precisos para dentro de casa.

VALE SABER

“Teorias científicas são explicações: afirmações sobre o que existe e como isso se comporta. De onde vêm essas teorias? Durante a maior parte da história da ciência, acreditou-se de forma equivocada que nós as “derivamos” das evidências fornecidas pelos nossos sentidos — uma doutrina filosófica conhecida como empirismo.

Mas, na realidade, teorias científicas não são “derivadas” de coisa alguma. Nós não as lemos na natureza, nem a natureza as escreve dentro de nós. Elas são palpites — conjecturas ousadas. A mente humana as cria reorganizando, combinando, alterando e acrescentando ideias já existentes, com a intenção de aprimorá-las. Não começamos a vida como uma “folha em branco”, mas com expectativas e intenções inatas, além de uma capacidade igualmente inata de melhorá-las por meio do pensamento e da experiência.”

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