Como ter vontade de fazer o que se deve fazer?

Conhecimento sobre como viver mais e melhor

Não é nenhum segredo que um dos aspectos fundamentais para buscarmos uma vida mais longa e saudável é a transformação dos nossos hábitos — fazer o que é certo e deixar de fazer o que é errado. O problema é que muitas vezes sabemos o que fazer, mas mesmo assim não fazemos. Isso não é exclusivo da nossa geração, o apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos (7:19-20) fala sobre essa mesma dificuldade “Quero fazer o bem, mas não o faço. Não quero fazer o que é errado, mas, ainda assim, o faço”

Mas e se pudéssemos reprogramar nosso software interno? E se existisse um caminho para alinhar nossas ações com nossas intenções mais profundas? Entra em cena a proatividade. Sim, é uma palavra desgastada no mundo corporativo, mas seu significado é profundo. É a atitude que nos torna arquitetos da própria vida, não meros inquilinos. É sobre responder conscientemente à vida, não apenas reagir a ela como um reflexo pavloviano.

Viktor Frankl, um psiquiatra judeu que esteve preso em um campo de concentração, narra em seu livro “Em Busca de um Sentido” a descoberta, nas palavras dele, “da última das liberdades humanas”. Para mim a ideia mais impactante do livro. 

Seus captores podiam controlar tudo ao seu redor, mas não podiam tocar em sua liberdade interior de escolher como responder. Entre o estímulo (o que acontece com nós) e a nossa resposta, há um espaço. Nesse espaço reside nosso poder de escolha, nossa humanidade essencial.

Ser proativo é habitar esse espaço conscientemente. É ser guiado por valores, não por circunstâncias. É o oposto de ser reativo, onde vamos vivendo passivamente na onda das expectativas alheias, dos caprichos do ambiente ou do nosso próprio humor.

Mas como cultivamos essa proatividade?

Comece refletindo profundamente seus valores fundamentais. O que realmente importa para você? Uma vida saudável? Crescimento da sua família? Independência financeira? Um lar de paz e alegria? Uma vida de fé? Escreva-os. Revise-os. Isso demora, mas é um trabalho essencial. Muitos autores escreveram sobre isso e chamam esse documento de Missão Pessoal ou Constituição Pessoal. Segue abaixo um exemplo real de uma “Constituição Pessoal” feita por um amigo de Stephen Covey e compartilhado por ele em um de seus livros:

“Tenha sucesso primeiro em casa. 

Busque e mereça ajuda divina. 

Nunca comprometa sua honestidade. 

Lembre-se das pessoas envolvidas. 

Ouça os dois lados antes de julgar. 

Busque o conselho dos outros. 

Defenda os ausentes. 

Seja sincero, mas decisivo. 

Desenvolva uma nova habilidade por ano. 

Planeje o trabalho de amanhã hoje.

Trabalhe enquanto espera. 

Mantenha uma atitude positiva. 

Tenha senso de humor. 

Seja organizado, tanto no pessoal quanto no trabalho. 

Não tema os erros—tema apenas a ausência de respostas criativas, construtivas e corretivas a esses erros. 

Facilite o sucesso dos seus subordinados. 

Ouça o dobro do que fala. 

Concentre todas as suas habilidades e esforços na tarefa atual, sem se preocupar com o próximo cargo ou promoção.”

O melhor conselho que conheço, uma vez que você tem a sua primeira versão, é ler a sua missão todo dia e planejar sua semana pensando nas ações que você precisa realizar para estar em consonância com a sua missão.  

Pense no valor de "viver mais e melhor" que focamos por aqui. Parece um valor óbvio, mas quantos de nós realmente o praticamos? Se esse valor ressoa com você, não basta apenas assentir com a cabeça. Transforme-o em um plano de batalha. Que hábitos concretos sustentam esse valor? Sono de qualidade? Nutrição consciente? Exercício regular? Menos álcool? Liste-os. Planeje-os. Mais importante: comprometa-se com eles.

É um processo iterativo, não um interruptor que você liga. Não espere perfeição instantânea. Como um músculo, a proatividade fortalece com uso consistente. Gradualmente, seus compromissos se tornarão mais poderosos que seus impulsos momentâneos.

Como Stephen Covey observou: "Ao fazermos e mantermos promessas a nós mesmos e aos outros, pouco a pouco, nossa honra se torna maior que nossos humores." Não é sobre força de vontade bruta. É sobre cultivar uma integridade pessoal inabalável.

Não é uma jornada fácil. É um exercício diário de auto-reflexão e escolha consciente. Mas é nessa prática que manifestamos a liberdade que Frankl descobriu.

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