Escrito por Lázaro Medeiros

Você já parou para pensar por que tantas pessoas tomam suplementos e ainda assim se sentem cansadas, inflamadas ou com baixa performance?

Em tempos de pílulas para tudo, é fácil cair na ilusão de que suplementar é sempre sinônimo de saúde. Mas, na prática, o que seu corpo precisa pode não ser mais uma cápsula e sim uma estratégia personalizada. E é aí que entra a diferença entre complementar e suplementar.

Complementar significa corrigir uma carência ou apoiar uma necessidade fisiológica específica, identificada com base em exames, sintomas ou condições clínicas. Já suplementar muitas vezes é adicionar algo por precaução ou que ofereça um benefício a mais dentro da nossa saúde.

Tomar vitamina D no inverno, por exemplo, pode ser um complemento necessário caso seus níveis estejam baixos no exame de sangue. Já a suplementação é uma estratégia que só tem viabilidade quando as carências nutricionais são corrigidas, vou usar o mesmo exemplo da vitamina D: dependendo da dosagem, é possível ampliar o efeito da vitamina D (que inicialmente funciona em um contexto do metabolismo ósseo mas que pode apresentar um impacto importante na saúde muscular, imunidade e até no inflammaging).

O paradoxo da longevidade em cápsulas

A ciência é clara: longevidade depende de um organismo adaptável, funcional e com inflamação sob controle. E alguns suplementos podem, sim, ajudar nesse processo — desde que utilizados com propósito e critério.

Alguns estudos mostram, por exemplo, que:

  • Ômega-3 pode reduzir riscos cardiovasculares e inflamatórios

  • Magnésio está relacionado à função mitocondrial e melhora do sono

  • Vitamina D impacta o sistema imune e a saúde óssea

Mas isso não significa que todos precisam dessas substâncias o tempo todo. A chave é entender o momento biológico e metabólico de cada pessoa.

Genética, idade e estilo de vida: por que a necessidade muda

Com o passar dos anos, nosso corpo sofre alterações na absorção, produção e utilização de nutrientes. Além disso, variantes genéticas (como no gene MTHFR, envolvido no metabolismo de folato, ou o FADS1, que afeta conversão de ômega-3) podem aumentar a necessidade de certos micronutrientes.

Pessoas sob estresse crônico, atletas ou indivíduos em processo de emagrecimento, por exemplo, têm demandas bioquímicas específicas que precisam ser respeitadas.

E é nesse momento que a suplementação, dentro do contexto da personalização, pode ser o detalhe que falta na sua jornada de longevidade.

Como saber se você precisa complementar?

Aqui vão passos práticos para tomar decisões mais seguras:

  1. Faça exames laboratoriais regulares: Avalie vitamina D, B12, ferritina, magnésio, zinco, homocisteína e PCR-us (proteína C reativa ultrasensível), entre outros. Exemplo: uma homocisteína elevada pode indicar necessidade de B12 ativa e folato — com risco aumentado para doenças cardiovasculares.

  2. Considere testes genéticos preditivos: Genes como MTHFR, COMT, BCMO1, FUT2 ajudam a entender sua capacidade de metabolizar vitaminas e compostos bioativos. Testes de nutrigenética já estão acessíveis no Brasil.

  3. Avalie sua rotina e sintomas: Sono ruim, baixa energia, memória fraca ou imunidade baixa são sinais de alerta. Um profissional pode ajudar a conectar esses sintomas ao estado nutricional.

  4. Evite poli suplementação aleatória: Mais não é melhor. Alguns nutrientes competem entre si na absorção (como ferro e zinco). Outros, como o cálcio, podem interferir em medicamentos. Eu sempre recomendo a ideia de que o suplemento é uma resposta para cada pergunta que nosso corpo faz. A suplementação também pode trazer sobrecargas se o seu metabolismo não necessita dela e pode até acelerar o processo de envelhecimento.

E então: vale a pena?

Quando bem estabelecida e apoiada pela ciência e por bons profissionais, a suplementação é um apoio que pode reforçar nossa jornada rumo a uma longevidade equilibrada. Na prática clínica e na literatura científica, os melhores resultados aparecem quando suplementos entram como ferramenta complementar a um estilo de vida saudável e uma alimentação de qualidade. Eles não substituem sono, movimento, vínculo social e bons hábitos, mas potencializam tudo isso, quando bem usados.

Se você deseja viver mais e melhor, use o suplemento de forma inteligente. Seu corpo não precisa de tudo. Ele ele precisa de equilíbrio.

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