Comunidade: A ligação entre laços fortes e a longevidade

7 minutos de conteúdo sobre como viver mais e melhor

"Não se aproxime de fulano, que ele é má companhia".

Acho que todos nós devemos ter escutado alguma versão dessa ao longo da infância dita pela nossa mãe e, mesmo com toda ciência ultramoderna, sabemos que conselho de mãe é sagrado e ai do filho(a) que não seguir. Experimente sair de casa sem o casaco que a mãe pediu. 🙃

E é um desses conselhos que faz parte dos pilares da longevidade: o conceito de comunidade. E óbvio, como veremos, não é qualquer tipo de comunidade.

Hoje vivemos em uma sociedade que Zygmunt Bauman cunhou de modernidade líquida:

  1. Relações pessoais são frágeis e efêmeras;

  2. Relações de trabalho são cada vez mais temporárias, onde flexibilidade é super valorizada (vide o debate acalorado entre trabalho presencial e remoto);

  3. Cultura do consumo que nos leva a tratar bens como descartáveis; e

  4. Identidades pessoais e coletivas maleáveis.

Por conta dessa "liquefação da modernidade", a responsabilidade individual está em seu "all time high", o que invariavelmente gera uma insegurança e ansiedade que faz o indivíduo querer voltar para uma comunidade, um certo porto seguro.

Como escreveu Eric Hobsbawm:

"Homens e mulheres procuram grupos de que possam fazer parte, com certeza e para sempre, num mundo em que tudo o mais se desloca e muda, em que nada mais é certo."

O que isso tem a ver com longevidade?

Tudo! Muitos estudos já mostraram como fortes conexões sociais ajudam a reduzir o stress e os riscos relacionados à solidão. Não precisamos ir muito longe, todos sabemos como é bom encontrar velhos amigos e confraternizar. Voltamos com as baterias recarregas.

Quem leu o livro Outliers de Malcolm Gladwell, viu na introdução a história da pequena cidade de Roseto, na Pensilvânia, que foi fundada por imigrantes italianos e, comparada com vilas que estavam ao lado, tinha um perfil de saúde da população completamente diferente das outras. Os problemas cardiovasculares comuns da região não afetavam essa pequena população.

O que se pensou inicialmente foi que a alimentação, exercício físico ou genética podiam ser a razão, mas não, eles não eram adeptos da famosa dieta mediterrânea e nem tinham grandes hábitos de exercício ou genes muito diferentes.

O que fez eles viverem muito mais sem doenças (healthspan) foi um senso forte de comunidade:

  1. As pessoas paravam para interagir umas com as outras nas ruas;

  2. As pessoas iam cozinhar na casa uma das outras;

  3. Uma interação forte entre gerações, com um respeito grande aos avós;

  4. Uma igreja forte com efeito unificador e calmante;

  5. Espírito igualitário que desestimulava ricos a ostentar e sim ajudar os necessitados.

Como escreveu o Malcolm:

"Ao transplantarem a cultura paesani do sul da Itália para os montes do leste da Pensilvânia, aquelas pessoas criaram uma estrutura social altamente protetora que era capaz de isolá-las das pressões do mundo moderno. Elas eram saudáveis por causa do lugar onde viviam, do mundo que haviam criado para si mesmas em sua minúscula cidade nas montanhas."

E na vida real?

Fica “meio impraticável criar uma cidade pequena hoje em dia, mas podemos aprender com isso e buscar construir “meta-comunidades”. Que não apenas geram em partes o senso de comunidade que a Roseto tinha, mas também incentivem hábitos saudáveis que são os outros pilares da longevidade.

O primeiro e mais importante núcleo social é uma família forte e depois grupos de amigos, que ou são da infância ou que fomos criando ao longo da vida.

Seja em uma assessoria esportiva, um clube, condomínio, bairro, igreja, você conscientemente decidir participar de uma comunidade e incentivar as características e hábitos certos, você certamente estará optando por viver muito melhor e mais feliz, por mais tempo.

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