JUNTO COM

Bom dia. Tenho carregado um pensamento nas últimas semanas: escolher uma vida melhor não é apenas buscar um resultado individual, mas transformar o ambiente ao seu redor. Ser a inspiração que as pessoas que te amam e admiram precisam para mudar a própria vida. Longevidade definitivamente não é uma jornada solitária.

Seja inspiração. Mude o ambiente.

🔎 RESUMO DA EDIÇÃO DE HOJE (TL;DR)

🥚 Não é o ovo. É o prato: gordura saturada pesa mais que colesterol do alimento; eleve a p:s, cerque os ovos de boas escolhas e use ApoB como bússola.

🦠 Dr. Alessandro Silveira: microbioma e longevidade; inflammaging, AGCCs, espécies-chave e escolhas diárias (fibras, polifenóis, movimento) que fortalecem a barreira intestinal.

🧬 Onde a idade mora: um atlas do envelhecimento; tecidos envelhecem em mosaico, medir certo aproxima intervenções melhores; é um preprint e cobre só uma fração dos ~30 milhões de sítios, mas indica mecanismos e caminhos para desacelerar.

💡 Notícias da semana: a Model Health levantou US$1 milhão para democratizar análises de movimento com vídeos de smartphones | A Sana Biotechnology implantou células pancreáticas editadas por CRISPR em um paciente com diabetes tipo 1, que produziram insulina por meses sem imunossupressores | Investidores como Peter Thiel e Sam Altman já injetaram mais de US$5 bilhões em empresas de longevidade | Mortes de idosos após quedas triplicaram em 30 anos nos EUA, com destaque para os FRIDs como fator de risco | A National Geographic mostra como atletas 50+ estão redefinindo o envelhecer.

📚 Vale Saber: James Clear relembra a Regra dos Dois Minutos. Um novo hábito deve levar menos de 2 minutos. Começar fácil torna continuar possível.

O CONJUNTO IMPORTA MAIS

Não é o ovo. É o prato.

Recentemente escrevemos aqui sobre os perigos de ter um LDL e principalmente um ApoB altos, marcadores de risco cardiovascular, inclusive um “sujeito escondido” que tem uma prevalência alta na população e muitos desconhecem o Lp(a). Hoje vamos mais a fundo a partir de um estudo recente que comparou três dietas com a mesma quantidade de calorias, olhando para colesterol e gorduras saturadas e seus impactos na saúde, com atenção especial aos ovos, um alimento que carrega muito colesterol e tem sido muito consumido por conta das proteínas que ele carrega.

  1. Ovos + pouca gordura saturada ao longo do dia.

  2. Sem ovos + mais gordura saturada no dia.

  3. Controle próximo do padrão ocidental.

Relembrando antes do resultado

O colesterol da dieta vem de alimentos de origem animal. O ovo se destaca por concentrar muito colesterol e pouca gordura saturada. Já manteiga, queijos curados e bacon trazem colesterol junto de muita gordura saturada.

A gordura saturada tende a elevar LDL e ApoB porque atrapalha a remoção dessas partículas pelo fígado. Ela aparece em carnes vermelhas gordas e embutidos, queijos curados, manteiga e creme de leite, confeitaria rica em gordura e óleos tropicais como coco e palma.

Na outra ponta estão as poliinsaturadas, presentes em peixes gordos como sardinha, cavalinha e salmão, em nozes e sementes como nozes, amêndoas, linhaça, chia e gergelim. A relação entre essas famílias é a razão p:s. Quando a “p” (poliinsaturadas) cresce e a “s” (saturada) encolhe, LDL e ApoB tendem a cair.

O que o estudo mostrou

Quando os ovos entraram em um dia pobre em saturadas e com poliinsaturadas mais altas (p:s alto), LDL e ApoB ficaram menores do que no controle, mesmo com mais colesterol ingerido. Quando os ovos saíram, o colesterol do alimento diminuiu, mas a gordura saturada se manteve alta e o LDL não melhorou. Em resumo: o tipo de gordura do dia pesa mais do que o colesterol do alimento isolado.

Um detalhe do desenho ajuda a entender o resultado. Na fase com ovos e pouca gordura saturada, o cardápio trouxe mais proteínas vegetais como tofu e leguminosas para manter a saturada baixa. Isso elevou a fibra diária para algo como 34 g, contra ~25 g no controle e ~27 g na fase sem ovos. Fibra, especialmente a solúvel, reduz LDL, e alimentos de soja também costumam baixar LDL em estudos. Ou seja, parte da melhora pode ter vindo da combinação: menos saturada, p mais alta, mais fibra e soja.

Observação necessária: o estudo foi financiado pela indústria do ovo, o que pede leitura crítica por conta do conflito de interesse. Ainda assim, a direção é coerente com o conjunto de evidências: colesterol dietético costuma ter efeito menor e variável, enquanto saturadas elevam de forma consistente os lipídios.

No fim, este estudo não absolve nem condena a gema. Ele lembra algo mais honesto: o prato decide. Se você quiser que seu colesterol conte uma história melhor, redesenhe o ambiente em que seus alimentos aparecem. A cozinha vira laboratório, a despensa vira estratégia, e a sua semana passa a escrever o número que depois sai no laudo. É assim que começos se tornarão a base sobre a qual seu corpo será construído.

UM CONTEÚDO DO INSTITUTO ASSALY

Personalização para uma vida melhor

No Instituto Assaly, acreditamos que longevidade é viver mais, é viver melhor, com autonomia, clareza e saúde integral. Somos um centro de excelência em medicina personalizada, onde ciência de ponta, escuta qualificada e visão humana se integram. Com uma equipe multidisciplinar, coordenada pela Dra Vânia Assaly, unimos genômica, nutrição, medicina preventiva e práticas baseadas em evidências para criar estratégias únicas para cada fase da vida. Aqui, cada detalhe importa. Se você busca um cuidado que respeita sua história, sua biologia e seu futuro, agende uma consulta com nossa equipe. O caminho da longevidade começa com escolhas feitas hoje e podemos criar uma jornada de saúde tão única quanto você.

PALAVRA DO ESPECIALISTA

O segredo da longevidade está mais perto do que você imagina… e ele vive no seu intestino!

Imagine carregar, dentro de si, um ecossistema com trilhões de habitantes invisíveis que, silenciosamente, trabalham para manter seu corpo em equilíbrio. Parece ficção científica, mas é realidade: esse universo é o microbioma intestinal.


E acredite, ele pode ser um dos maiores aliados da sua longevidade saudável. Pesquisas recentes mostram que a forma como essas bactérias convivem no seu intestino influencia não só sua digestão, mas também sua imunidade, seus níveis de inflamação e até o risco de desenvolver doenças crônicas com o passar dos anos.

O ciclo da vida visto pelo intestino

O microbioma muda como quem escreve uma história em capítulos:

  • Primeiros anos → Logo no nascimento, o tipo de parto, a amamentação e o contato com o ambiente definem os primeiros personagens dessa trama: bactérias protetoras como Bifidobacterium, essenciais para treinar o sistema imunológico.

  • Adultos no auge → Na fase adulta, o microbioma atinge seu pico de diversidade: quanto mais espécies diferentes, melhor o “diálogo” entre elas, o que fortalece defesas e previne doenças.

  • O desafio do envelhecer → A partir dos 65 anos, a diversidade começa a cair. Em muitos idosos, bactérias protetoras dão lugar a espécies inflamatórias, favorecendo condições como diabetes, demência e doenças cardiovasculares.

Mas há um detalhe fascinante: os “super-idosos”, centenários que mantêm uma saúde invejável, exibem um microbioma vibrante e diverso, com bactérias como Akkermansia, Christensenellaceae e Faecalibacterium, associadas à produção de compostos anti-inflamatórios chamados ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).

Inflammaging: quando o fogo arde por dentro

Com o avançar da idade, uma inflamação silenciosa e persistente — conhecida como inflammaging — se instala.

  • Quando a barreira intestinal enfraquece, toxinas microbianas “vazam” para o sangue, acionando o sistema imunológico o tempo todo.

  • A perda de bactérias produtoras de AGCCs, como Faecalibacterium prausnitzii, acelera esse processo.

  • Ao mesmo tempo, espécies potencialmente patogênicas, como Escherichia e Klebsiella, crescem em número, alimentando um ciclo vicioso de inflamação.

Resultado? Um corpo mais vulnerável a doenças crônicas, declínio cognitivo e fragilidade.

Escolhas diárias que moldam sua longevidade

Cuidar do seu microbioma é, em grande parte, cuidar da sua história futura. Aqui vão estratégias-chave que a ciência já reconhece:

  • Coma mais fibras → Frutas, verduras, legumes e cereais integrais alimentam bactérias que produzem SCFAs, fortalecendo a barreira intestinal.

  • Inclua polifenóis → Presente em frutas vermelhas, chás, cacau e azeite, esses compostos antioxidantes reduzem inflamações e ajudam a manter a permeabilidade intestinal saudável.

  • Mova-se regularmente → A prática de atividade física aumenta a diversidade bacteriana e potencializa a produção de metabólitos protetores.

  • Evite o uso indiscriminado de antibióticos → Eles reduzem a diversidade microbiana e favorecem o crescimento de bactérias resistentes.

São pequenas escolhas, mas que, acumuladas, podem redefinir a forma como você envelhece.

O futuro da longevidade começa no intestino

A ciência já deixa claro: o intestino é um dos pilares da saúde e do envelhecimento bem-sucedido. Cuidar do seu microbioma hoje é investir em um amanhã com mais energia, menos inflamações e maior qualidade de vida.

Nos próximos anos, veremos surgir intervenções personalizadas, como terapias microbiológicas, capazes de modular sua microbiota para prevenir doenças, potencializar a imunidade e talvez até prolongar a longevidade humana. O caminho já começou, e ele passa, inevitavelmente, pelo seu intestino.

A CIÊNCIA DO ENVELHECIMENTO

Um novo atlas do envelhecimento

O envelhecimento é o fator de risco mais relevante para quase todas as doenças. Por isso, medir e reduzir o ritmo do envelhecer virou uma meta central da ciência da longevidade. Já sabemos que órgãos envelhecem em ritmos diferentes e que existem relógios biológicos iniciais, mas falta padronizar a medida para a clínica. É nesse espírito que surgiu o Biomarkers of Aging Consortium: medir igual, para comparar certo.

É nesse contexto que chega um estudo pré-print com um atlas epigenético do envelhecimento humano. Os autores reuniram mais de 15 mil amostras de 17 tecidos ao longo da vida adulta para mapear como muda a metilação do DNA — pequenas “etiquetas” que ajudam a ligar e desligar genes. 

O estudo ainda não foi revisado por pares, mas é útil por olhar vários órgãos ao mesmo tempo, não só um marcador isolado.

O que esse mapa mostra?

Primeiro: envelhecemos em mosaico. Alguns tecidos acumulam mais marcas ligadas à idade (ex: retina, estômago); outros, menos (ex: pele, colo do útero).

Segundo: existem sinais comuns que aparecem em muitos tecidos, o que cria promessas de alvos compartilhados para tratar processos do envelhecimento, não apenas doenças separadas.

Há direções distintas de mudança. Em boa parte dos órgãos, as “etiquetas” tendem a aumentar com a idade (hipermetilação); já músculo esquelético e pulmão mostram mais perda nessas marcas em regiões que eram mais marcadas na juventude (hipometilação). É como se cada tecido tivesse um “jeito de envelhecer”, sobre um pano de fundo comum. O atlas também lembra que o nível médio dessas etiquetas varia por órgão, e aponta limitações honestas: amostras desiguais entre faixas etárias e a própria condição de pré-print pedem uma análise criteriosa.

Por que isso importa

Porque aproxima duas pontas que a área precisava unir: o que é global (útil para um relógio sistêmico) e o que é local (útil para entender órgão por órgão). Na prática, ajuda a responder perguntas simples com ferramentas melhores: quando o sangue representa bem o que se passa no resto do corpo? Quando não? Quais sinais valem para todos e quais pedem olhar específico?

Epigenética não é destino. Essas marcas respondem ao ambiente que você cria todos os dias. Há evidência associando exercício a um padrão mais “jovem” no músculo. Sono consistente, prato com fibra de verdade e menos inflamação desnecessária caminham na mesma direção. O ganho do atlas não é prometer uma pílula; é medir melhor para ajustar melhor: entender o mapa, escolher a trilha, checar o percurso.

Mas isso é só o começo. Mesmo grande, o atlas cobre uma fração minúscula dos cerca de 30 milhões de sítios epigenéticos possíveis — não é o quadro completo. Ainda assim, pode apontar mecanismos do envelhecimento e indicar caminhos para desacelerá-lo. Em resumo: medir importa, mas medir direito importa mais. Com esse mapa, a ciência mira um pouco melhor. Veremos.

NOTÍCIAS

O que mais está acontecendo?

💡 A Model Health levantou US$ 1MM em rodada pre-seed para democratizar análises de movimento com vídeos de smartphones. A startup belga-americana, fundada por ex-pesquisadores de Stanford e um ex-diretor da McKinsey, quer levar tecnologia antes restrita a laboratórios de elite para clínicas e organizações esportivas, combinando biomecânica e IA.

💡 Pesquisadores implantaram pela primeira vez células pancreáticas editadas por CRISPR em uma pessoa com diabetes tipo 1. As células produziram insulina por meses e, graças a modificações genéticas, não foram atacadas pelo sistema imune — sem necessidade de imunossupressores. O estudo inicial, liderado pela Sana Biotechnology, envolveu apenas um paciente e dose baixa, mas é considerado um marco em direção a terapias celulares duradouras para a doença.

💡 O interesse dos bilionários pela longevidade segue acelerando. Uma análise do Wall Street Journal mostra que investidores como Peter Thiel, Sam Altman, Yuri Milner e Marc Andreessen já injetaram mais de US$ 5 bilhões em empresas de ciência do envelhecimento nas últimas décadas. Impulsionando a ciência a encontrar caminhos para vivermos mais e melhor.

💡 As mortes de idosos após quedas triplicaram nos EUA em 30 anos, segundo análise publicada no JAMA Health Forum. Só em 2023 foram mais de 41 mil óbitos acima dos 65 anos. Pesquisadores apontam o uso crescente de medicamentos que aumentam risco de tontura e quedas, os chamados FRIDs (como opióides, benzodiazepínicos, antidepressivos e gabapentina). Especialistas defendem estratégias de desprescrição e alternativas não farmacológicas para reduzir o problema.

💡 How to start aging like an athlete (National Geographic): histórias de atletas 50+ e a ciência de treinar mais tarde na vida. VO₂ máx., menor mortalidade e mais saúde ao longo dos anos.

VALE SABER

A Regra dos Dois Minutos


Mesmo quando você sabe que deveria começar pequeno, é fácil começar grande demais. Quando você sonha em fazer uma mudança, a empolgação inevitavelmente toma conta e você acaba tentando fazer muito cedo demais. A maneira mais eficaz que conheço para combater essa tendência é usar a Regra dos Dois Minutos, que diz: “Quando você começa um novo hábito, ele deve levar menos de dois minutos para ser feito.”

A ideia é tornar seus hábitos o mais fáceis possível de iniciar. Qualquer pessoa pode meditar por um minuto, ler uma página ou guardar uma peça de roupa. E, como acabamos de discutir, essa é uma estratégia poderosa porque, uma vez que você começou a fazer a coisa certa, fica muito mais fácil continuar fazendo. Um novo hábito não deve parecer um desafio. As ações que seguem podem ser desafiadoras, mas os primeiros dois minutos devem ser fáceis. O que você quer é um “hábito de entrada” que naturalmente o conduza a um caminho mais produtivo.”

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