Neuroplasticidade: Seu cérebro não é estático

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A ideia de que o cérebro humano é fixo e que, depois de uma certa idade, não pode aprender mais nada está completamente errada. A neurociência moderna nos mostra que nosso cérebro é plástico, ou seja, pode se modificar, aprender e se adaptar ao longo de toda a vida.

Mas tem algo importante: mudança real exige esforço e estratégia.

Por que eu deveria me preocupar com isso?

Todos queremos aprender algo novo – seja um idioma, um esporte ou uma habilidade profissional. Mas essa capacidade não é importante apenas por razões intelectuais. Em nossa busca por longevidade, manter o cérebro ativo é uma das melhores forma conhecidas de prevenir o declínio cognitivo e doenças degenerativas, como o Alzheimer.

Aprender coisas novas aumenta a reserva cognitiva, protegendo o cérebro contra o envelhecimento. Junto com o exercício físico, essa é uma das estratégias mais eficazes para preservar a saúde mental ao longo dos anos.

O que realmente é o cérebro?

Huberman explica, a maioria das pessoas pensa no cérebro como um órgão isolado dentro da cabeça, mas ele faz parte de um sistema muito maior: o sistema nervoso.

Ele não apenas comanda nossos pensamentos e emoções, mas também controla cada aspecto da nossa biologia, da digestão ao sistema imunológico. Isso acontece porque está em constante comunicação com o corpo, determinando como percebemos o mundo, tomamos decisões e reagimos ao que acontece ao nosso redor.

O cérebro opera a partir de cinco pilares fundamentais:

  • Sensação – Visão, audição, tato, paladar e olfato.

  • Percepção – A interpretação dessas sensações e a construção de significado.

  • Sentimentos – As emoções geradas a partir das percepções, influenciando nossas decisões.

  • Pensamentos – O processamento consciente e inconsciente das informações recebidas.

  • Ação – O comportamento final, seja movimento físico ou tomada de decisão.

A grande questão é: como podemos moldar esse sistema para aprender mais, pensar melhor e evoluir ao longo do tempo?

Neuroplasticidade: A chave para mudar o cérebro

A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de criar e modificar conexões entre neurônios.

Até os 25 anos, essa plasticidade acontece de forma automática e acelerada – é por isso que crianças aprendem línguas sem esforço.

Mas, na vida adulta, é preciso ativar certos gatilhos neurológicos para continuar aprendendo.

O que o cérebro precisa para mudar?

  • Atenção e esforço – Para que a neuroplasticidade ocorra, é necessário foco profundo. Se algo é fácil demais, seu cérebro não está mudando.

  • Erro e frustração – Sensação de esforço e leve desconforto indicam que a mudança está acontecendo. O aprendizado verdadeiro ocorre quando saímos da zona de conforto. (Para quem é nadador, por exemplo, essa é uma das razões por que nadar pensando no movimento é muito mais desconfortável.)

  • Repetição inteligente – Apenas repetir algo não basta. O cérebro precisa repetir com variação, desafiando-se a encontrar novas soluções.

  • Descanso adequado – A neuroplasticidade não acontece durante o aprendizado, mas no descanso e no sono. É nesse momento que o cérebro processa e consolida as informações.

Se esses quatro fatores forem bem ajustados, você pode transformar seu cérebro ao longo do tempo.

A atenção é o controle remoto do cérebro

Nosso cérebro recebe milhares de estímulos o tempo todo, mas só alguns são realmente processados e armazenados. A atenção funciona como um holofote, destacando o que importa e permitindo que o cérebro crie novas conexões.

Aqui está um exercício prático para entender como sua atenção funciona:

  1. Agora mesmo, preste atenção na sensação dos seus pés tocando o chão.

  2. Você já estava sentindo isso antes, mas não percebia porque seu foco estava em outra coisa.

  3. O que você foca se torna sua realidade – e é exatamente assim que o cérebro seleciona o que vai aprender.

Se você quer aprender algo novo, precisa treinar sua atenção para direcioná-la de forma intencional.

Como aplicar isso no dia a dia?

  • Aprenda com esforço controlado – Se está muito fácil, aumente a dificuldade. Se está impossível, reduza um pouco. O ideal é encontrar o ponto onde o desafio gera leve desconforto, mas sem ser esmagador.

  • Divida o aprendizado em ciclos de até 90 minutos – O cérebro opera em ritmos ultradianos, o que significa que temos períodos naturais de foco intenso de 90 minutos, seguidos por pausas para recuperação.

  • Atenção para o sono – A aprendizagem e a consolidação ocorrem durante o sono. Não dormir bem equivale a jogar fora o esforço do dia anterior.

  • Pratique a atenção deliberada – Ao longo do dia, treine sua capacidade de controlar seu foco, evitando distrações e direcionando sua mente para o que realmente importa. Uma excelente forma de desenvolver essa habilidade é por meio da meditação, que fortalece a capacidade de manter a atenção e lidar melhor com distrações.

Seu cérebro pode ser moldado, mas precisa das condições certas.

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