
Bom dia. Na semana todos sem exceção temos 168 horas, nem mais e nem menos. Se você usar 7 horas para treinar na semana contando com deslocamento, isso é cerca de 4% do seu tempo e o melhor investimento na sua saúde.
🔎 RESUMO DA EDIÇÃO DE HOJE (TL;DR)
🧑⚕️ Quem você escolhe para cuidar de você: em um mar de imitadores, a diferença entre experts e impostores pode definir sua saúde. Do círculo de confiança nasce o cuidado real, alinhados aos 4Cs da atenção primária. Relação e proatividade são a base da longevidade.
🧠 Metacognição com Dra. Priscilla Camilo: pensar sobre o próprio pensar como GPS interno. Estudos mostram impacto em resiliência, inovação e aprendizado. Três ferramentas simples — rastrear erros, pausas reflexivas e micro-checkpoints — podem transformar decisões sob pressão.
🪨 Magnésio e sua importância: envolvido em mais de 300 processos, essencial para sono, cognição e performance. Deficiência atinge até 70% dos brasileiros. Estratégias práticas, experiência pessoal e o papel do L-treonato no cérebro. Regularidade e timing fazem diferença.
💡 Notícias da semana: quase 100 mil centenários no Japão, com Shigeko Kagawa (114) como símbolo da longevidade; a “água-viva imortal” Turritopsis dohrnii inspira pesquisas em envelhecimento e regeneração; STF discute critérios técnicos para cobertura além do rol da ANS; Nutrium levanta US$ 12 mi para expandir nutrição corporativa; e cientistas lançam modelo generativo que prevê riscos de mais de 1.000 doenças, apontando caminhos para prevenção.
📚 Vale Saber: “De certa forma, o trabalho de um crítico é fácil... O novo precisa ser incentivado.”
CONSTRUINDO SEU TIME
Quem você escolhe para te cuidar

Vivemos cercados por promessas. Fórmulas mágicas, atalhos de 30 dias, dietas que “garantem” décadas extras de vida. O barulho é tanto que às vezes fica difícil distinguir quem realmente sabe do que fala e quem apenas repete frases de efeito para buscar atenção. Mas quando falamos de longevidade, essa distinção é vital. Não é sobre consumir mais informação, é sobre aprender a filtrar.
Shane Parrish escreveu que um imitador fala bonito, mas patina quando você pede um detalhe fora do roteiro. A base é rasa, as respostas são decoradas e inclusive fica bravo quando você diz “Não entendi”, pois para eles o que interessa é forma e não o conteúdo. O centro são eles. Já um expert de verdade tem profundidade, consegue explicar de jeitos diferentes, admite limites e não se incomoda em dizer “não sei”. O centro é você. Essa diferença não é pequena, é ela que separa o discurso vazio de quem deve realmente te acompanhar ao longo da vida.
Quando trazemos esse filtro para o campo da saúde, a figura do médico e da equipe de referência se torna central. Barbara Starfield já mostrava que a boa atenção primária se apoia em quatro pilares (4Cs): um cuidado amplo ao longo da vida, o primeiro contato acessível quando surge um problema, a coordenação entre especialistas e serviços, e a continuidade que só se constrói com o tempo e a relação.
Perceba a força dessa estrutura. Ela não se resume a consultas pontuais, mas organiza a saúde como uma jornada (com IA isso vai ser tornar muito mais fácil). É o oposto do modelo fragmentado, em que cada especialista olha para um pedaço e ninguém enxerga a pessoa inteira.
Quatro critérios práticos
Peter Attia descreve algo muito parecido em sua busca por definir o que é um bom médico. Ele fala dos quatro As: advocacy, a defesa ativa do paciente, aquele que navega o sistema por você e te conecta com os melhores recursos; afabilidade, a capacidade de conversar com você, não para você, construindo confiança; availability, a disponibilidade real para quando você precisa; e ability, a competência técnica que só se mantém com curiosidade e atualização constante.
Esses quatro As se alinham de forma natural aos quatro Cs da atenção primária. No fundo, estamos falando da mesma coisa: de cuidado que enxerga o todo, que se mantém próximo, que integra e acompanha.
Proatividade como regra
Tudo isso se conecta a uma palavra que talvez seja a mais importante de todas quando falamos de longevidade: proatividade. O modelo tradicional da medicina ainda é reativo. Espera a doença aparecer para então agir. Mas longevidade exige outra postura. Profissionais que monitoram marcadores, identificam riscos antes que virem diagnósticos e sugerem mudanças de rumo enquanto ainda há tempo.
E aqui está o desafio: o sistema muitas vezes recompensa o procedimento, não a prevenção. Cabe portanto a nós procurar, de forma ativa, os médicos e profissionais que escolhem remar contra essa corrente. Aqueles que tratam a consulta não como um episódio isolado, mas como parte de uma relação de longo prazo, baseada em confiança e compromisso.
No fim, mudar hábitos é sempre um processo de influência. Só somos transformados apenas por quem confiamos. E confiança nasce de relacionamento e tempo. Por isso, escolher quem vai te acompanhar nessa jornada é uma das decisões mais estratégicas da sua vida. Ter uma vida mais longa e principalmente melhor, depende essencialmente de você, mas também de quem está ao seu lado.
PALAVRA DA ESPECIALISTA
Metacognição: o GPS invisível do seu cérebro

Pesquisas recentes revelam que "perceber o que você sabe” com pequenas pausas de reflexão e micro-checagens mentais podem aumentar inovação, resiliência e até acelerar o aprendizado. O melhor de tudo: você não precisa de ferramentas complexas!
Você já se enganou mentalmente hoje?
Já aconteceu de você achar que estava concentrado em uma tarefa importante, mas no fim percebeu que passou meia hora em abas aleatórias ou respondendo mensagens irrelevantes? Esse tipo de autoengano mental é mais comum do que parece. Ele rouba tempo, energia e clareza.
A saída pode estar em uma habilidade pouco explorada: a metacognição. A ciência de pensar sobre o próprio pensar.
O que é metacognição?
Metacognição é a capacidade de observar e regular seus próprios processos mentais.
Conhecimento metacognitivo: perceber o que você sabe (ou não sabe).
Controle metacognitivo: ajustar o curso no meio do caminho: pausar, revisar, mudar a estratégia.
É como ter um GPS interno, que avisa quando você está saindo da rota e ajuda a voltar ao caminho certo (Nature Human Behaviour).
O que a ciência mostra
Coaches esportivos sob pressão
Um estudo em Scientific Reports (2025) mostrou que treinadores de elite que aplicaram perguntas metacognitivas simples — como “o que deu certo?” e “o que posso ajustar?” — apresentaram maior autocontrole, abertura à inovação e clareza em contextos complexos (Scientific Reports).
Aprendizado acelerado
Na educação, ensinar alunos a planejar, monitorar e avaliar seus próprios pensamentos pode equivaler a até oito meses extras de aprendizado em um único ano letivo (Education Endowment Foundation).
Resiliência e esperança
Pesquisas longitudinais também mostram que níveis mais altos de metacognição predizem maior autoconfiança e esperança, fatores decisivos para enfrentar pressões profissionais e pessoais (PMC, 2024).
Três passos práticos para aplicar agora
A metacognição não exige ferramentas complexas. Com pequenas mudanças de hábito, é possível experimentar ganhos reais de foco e clareza.
1. Rastreie seus erros
No final do dia, pergunte-se: “onde me perdi hoje?”. Esse simples exercício ativa a consciência e ajuda a identificar padrões que drenam sua produtividade.
2. Faça pausas reflexivas
Durante o trabalho, pare por dois minutos e questione: “o que estou pensando agora? Isso me ajuda a avançar?”. Essa breve interrupção pode evitar horas de dispersão.
3. Use micro-checkpoints
Após uma reunião ou conversa importante, pergunte: “o que foi combinado? Qual é meu próximo passo?”. Essa prática garante que decisões não se percam no piloto automático.
Por que isso importa para você
Empresários, investidores, pesquisadores e atletas compartilham um desafio comum: tomar boas decisões sob pressão. A metacognição funciona como um freio de mão mental. Em vez de seguir no automático, você cria espaço para ajustes conscientes. Essa consciência é muitas vezes o divisor de águas entre repetir erros ou abrir caminho para inovações.
Experimente esta semana
Escolha uma das três ferramentas e aplique durante sete dias. No final, reflita: ganhei mais clareza nas decisões? Consegui evitar pelo menos um autoengano típico? Como minha energia mental mudou?
Ao mesmo tempo, bons profissionais podem te ajudar a transformar esses fundamentos em uma rotina que respeite sua história, fortaleça sua saúde mental e potencialize seus resultados. Busque sempre apoio especializado seja em consultoria psicológica ou psicoterapia.
NUTRIÇÃO
Magnésio e sua importância

Entre os minerais que sustentam a vida, o magnésio ocupa lugar de destaque. Ele participa de mais de 300 processos metabólicos, desde a produção de energia até a síntese de DNA e a função muscular. Ainda assim, a deficiência é frequente: perto de 50% dos adultos nos EUA não atingem a ingestão mínima recomendada, e no Brasil algumas pesquisas apontam índices próximos de 70%. Isso ajuda a explicar quadros de fadiga, distúrbios de sono, alterações de humor e menor desempenho físico e cognitivo.
Por que isso acontece
A maior parte do magnésio está armazenada nos ossos, funcionando como uma reserva. No sangue circula menos de 1%, e o corpo faz de tudo para manter esse número estável. O problema é que o exame sérico pode parecer normal enquanto a reserva óssea é drenada. É importante fazer esse exame para excluir deficiências, mas fica claro que esse exame tem limitações.
O valor de referência para consumo diário é de 310–320 mg para mulheres e 400–420 mg para homens. Esses números indicam o mínimo para evitar deficiência, não o nível ótimo. Atletas, pessoas expostas a calor intenso ou que usam sauna com frequência podem precisar de 10 a 20% a mais para compensar perdas adicionais.
A dieta moderna também não ajuda. O consumo reduzido de verduras, leguminosas, castanhas e sementes, somado a fatores como estresse, uso frequente de álcool e treinos intensos, aumenta a chance de deficiência. Para complicar, o magnésio é peça-chave na ativação da vitamina D, o que significa que níveis baixos podem comprometer até quem toma sol ou suplementa regularmente.
Na suplementação, formas orgânicas como glicinato, citrato e malato costumam ser bem toleradas e absorvidas. Do lado dos inorgânicos o óxido tende a ser mal aproveitado (baixa biodisponibilidade), já o cloreto tem cerca de 80% de absorção – muito bom. Uma estratégia simples é dividir a ingestão ao longo do dia, o que melhora absorção e tolerância.
Magnésio L-treonato: foco em cérebro
Já escrevi aqui sobre o magnésio L-treonato, uma forma que ganhou destaque por atravessar a barreira hematoencefálica e potencialmente elevar magnésio no cérebro. Em um ensaio clínico com adultos que usaram 1 g por noite durante três semanas, os resultados mostraram melhora na qualidade do sono, redução no tempo para adormecer, mais sono profundo e REM, além de melhor disposição ao longo do dia.
É promissor, mas vale lembrar: 1 g de L-treonato contém pouco magnésio elementar, então não substitui a base da ingestão diária. Além disso, nem todo mundo precisa começar com doses altas. Alguns especialistas usam quantidades menores (em torno de 144 mg) para avaliar resposta individual. Se o objetivo for sono e foco, ele pode ser uma ferramenta interessante.
Na prática, a base continua sendo dieta e, quando necessário, suplementação bem distribuída. O L-treonato pode ser visto como um complemento específico para objetivos cognitivos, não como solução única.
Da teoria à experiência
O ideal caso faça a suplementação é consumir magnésio ao longo do dia, em pequenas doses. Mas aqui entra uma experiência pessoal minha que quero compartilhar: gosto de usar à noite, antes de dormir. Para mim, e deixo claro que pode ser placebo e é um experimento N de 1, o sono fica mais profundo. Acordo com a sensação de ter descansado melhor, como se o corpo tivesse aproveitado cada minuto. Eu durmo muito bem.
Magnésio não é um suplemento de moda, mas um pilar fisiológico. Ele joga no mesmo time de nutrientes como vitamina D e ômega-3, fundamentais para metabolismo, sistema nervoso e inflamação. Cuidar do magnésio não é apenas um detalhe, é estrutural.
No fim, o ponto é simples: garantir níveis adequados de magnésio é investir em energia, sono, cognição e desempenho a longo prazo. É um ajuste de base que, acumulado no tempo, muda o rumo da saúde e da longevidade.
NOTÍCIAS
O que mais está acontecendo?
💡 Quase 100.000 centenários: o Japão chegou a 99.763 pessoas com mais de 100 anos (88% mulheres), registrando o 55º ano consecutivo de alta. A atual decana é Shigeko Kagawa (114), médica aposentada que levou a tocha olímpica em 2021 aos 109 anos, tornando-se símbolo da longevidade japonesa.
💡 A “água-viva imortal” Turritopsis dohrnii já é conhecida desde os anos 1990 por reverter ao estágio juvenil sob estresse, escapando do envelhecimento biológico. A novidade é que seu genoma foi analisado com mais detalhe, revelando variantes ligadas a reparo de DNA, resposta ao estresse oxidativo e manutenção de telômeros. Não se trata de elixir da juventude, mas de um modelo científico que pode inspirar avanços futuros em envelhecimento e medicina regenerativa.
💡 O STF retomou o julgamento sobre a Lei 14.454/2022, que tornou o rol da ANS exemplificativo. O relator Luís Roberto Barroso votou a favor da cobertura obrigatória de tratamentos fora do rol, desde que atendam a cinco critérios técnicos (como prescrição médica, eficácia comprovada e registro na Anvisa). O ministro Nunes Marques acompanhou, enquanto Flávio Dino abriu divergência em defesa de regulação exclusiva pela ANS.
💡 A portuguesa Nutrium levantou US$ 12 milhões em rodada Série A liderada pela Vesalius Biocapital para expandir sua plataforma de nutrição corporativa. A solução conecta empresas a mais de 350 mil nutricionistas em 90 países, entregando programas personalizados que reduzem custos de saúde e melhoram indicadores de peso e adesão.
💡 Pesquisadores publicaram na Nature um modelo generativo capaz de estimar o risco e a ordem de surgimento de mais de 1.000 doenças ao longo de décadas. Treinado no UK Biobank (400 mil) e validado em 1,9 milhão de pacientes dinamarqueses, o sistema funciona como um “LLM da saúde”. Ainda limitado, aponta caminhos para prevenção e políticas de envelhecimento saudável.
VALE SABER
“De certa forma, o trabalho de um crítico é fácil. Nos arriscamos pouco, e temos prazer em avaliar com superioridade os que nos submetem seu trabalho e reputação.
Ganhamos fama com críticas negativas, que são divertidas de escrever e ler, mas a dura realidade que, nós críticos, devemos encarar, é que no quadro geral, a mais simples porcaria, talvez seja mais significativa do que a nossa crítica.
Mas, há vezes em que um crítico arrisca, de fato, alguma coisa, como quando descobre e defende uma novidade.
O mundo costuma ser hostil aos novos talentos, às novas criações. O novo precisa ser incentivado.”
— Fonte: Anton Ego - Ratatouille
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