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Quando o sono ruim desregula a mente
7 minutos de conteúdo sobre como viver mais e melhor

Você sabe bem que dormir mal afeta o humor e a disposição no dia seguinte. E que a ciência tem avançado bastante na forma como entendemos e medimos o sono. Um artigo importante publicado em 2024, na Molecular Psychiatry, reforça uma ideia hoje cada vez mais sólida: a relação entre sono e saúde mental vai muito além do cansaço. Ela pode ser causal.
O estudo propôs uma mudança de paradigma. Distúrbios no ciclo circadiano — que envolve tanto a qualidade do sono quanto o funcionamento do nosso relógio biológico — podem não ser apenas sintomas de transtornos mentais como depressão, bipolaridade e esquizofrenia. Eles podem ser parte ativa do seu desenvolvimento.
Não estamos falando apenas de quem dorme pouco. O problema é mais profundo: desajustes no ritmo circadiano — como sono fragmentado, horários irregulares ou exposição incorreta à luz — afetam regiões do cérebro ligadas à regulação emocional, memória, recompensa e resposta ao estresse.
O que acontece no cérebro?
No nível molecular, o estudo mostra o papel dos genes que controlam nosso relógio biológico e também influenciam funções emocionais e cognitivas. Quando esses genes “perdem o ritmo”, a liberação de neurotransmissores se desregula, afetando o humor, o sono profundo e a estabilidade mental.
Esses mecanismos ajudam a explicar por que:
Pessoas com depressão costumam ter sono fragmentado e ritmos biológicos fora de fase;
Episódios maníacos no transtorno bipolar estão associados a sono reduzido, enquanto fases depressivas envolvem sono excessivo;
A esquizofrenia frequentemente vem acompanhada de ciclos sono-vigília completamente desorganizados.
O que fazer?
Já falamos aqui na Longevidade News sobre o protocolo QQRT, que resume os quatro pilares do sono: Quantidade, Qualidade, Regularidade e Tempo. Agora, o estudo reafirma e amplia as ideias com recomendações práticas que ajudam a proteger a saúde mental:
Consistência nos horários: Dormir e acordar sempre no mesmo horário ajuda a estabilizar o relógio biológico.
Luz natural pela manhã: A exposição à luz solar logo cedo ajuda a sincronizar a produção de melatonina.
Redução de telas à noite: A luz azul dos dispositivos pode atrasar o sono e confundir o cérebro.
Ambiente otimizado: Temperatura, colchão e conforto fazem diferença no sono profundo e restaurador.
Terapias estruturadas: Intervenções como a Terapia Cognitivo-Comportamental para insônia têm mostrado efeito positivo em quadros de ansiedade e depressão.
O sono como alvo estratégico
A mensagem do artigo é clara: dormir bem não é só importante — é preventivo.
Cuidar do sono é cuidar da mente. Pode não parecer óbvio no dia a dia, mas se o seu relógio biológico vive fora de sintonia, o risco de descompasso mental aumenta — às vezes, em silêncio.
Num cenário em que transtornos mentais afetam milhões de pessoas e diagnósticos crescem a cada ano, talvez o sono de qualidade seja um dos caminhos mais eficazes (e negligenciados) para proteger o cérebro.
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